26 de jul. de 2009

Quero ser pastor a qualquer custo


Na verdade eu não quero isto, pelo menos não a qualquer custo. Mas eu percebo que cada vez mais e mais pessoas querem ser pastores. Querem ser reconhecidas de qualquer jeito. Isto é lamentável! Na verdade, falo de homens que acham que ser pastor é ser ídolo, é ter poder e ganhar glória. Fico chocado ao vê-los brigando por causa de cargos e títulos, usando armas carnais quando o assunto é espiritual. Sim, pois é Deus quem escolhe o homem para desempenhar esta função (Hebreus 5.4) só que esta verdade está sendo deixada de lado. Fico triste em ver tantos "pastores" - que se encaixam nestas condições - sendo levantados. Estes homens - quase sempre - sequer tem preparo e condições de assumir um rebanho, mas tanto fazem que acabam conseguindo, por isso que nós vemos tantos escândalos envolvendo "pastores". Sem contar os que se auto proclamam "pastores", mas este é outro assunto.

Não consigo entender o que leva uma pessoa, por exemplo, a puxar o saco do pastor na esperança de ser separado para alguma função dentro da igreja. E isso - puxar o saco - é o mínimo que eles fazem, pois se for necessário fazem até fofoca:
  • "Viu pastor, fulano não veio ao culto hoje, é um irresponsável.";
  • "Pastor, fulano de tal estava querendo queimar seu ministério, e isso eu não aceito.";
  • "Há pastor, eu não aceito que ninguém fale nada do senhor, mesmo que o senhor esteja errado."
E por ai vai. Eles difamam, observam cuidadosamente os erros dos outros para depois denunciar ao pastor, quando sabem de alguma fraqueza de um irmão fazem questão de ligar para o pastor e contar. Mas assim como no Templo só tinha vendedor, porque tinha comprador, neste caso não é diferente, eles fazem isso, e os pastores "alimentam", ao invés, de repreendê-los.

Daqui para frente irei me referir a estes irmãos que a qualquer custo querem ser pastores como: "desesperados por cargos".

O texto clássico que estes desesperados por cargos usam para justificar suas ambições, é o de 1° Timóteo 3.1 que diz: "Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja." Só que eles ignoram o contexto todo, e acabam caindo em contradição, pois Paulo inicia falando isso, mas depois passa a descrever as qualificações, ou virtudes, que o candidato deve possuir. Vejamos alguns versículos:  

Verso 2: "É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar;" Os desesperados por cargos, já são apanhados aqui, não precisa nem uma análise mais profunda do texto para provar-lhes que estão errados. Mas, continuemos...

Verso 4 e 5: "Que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?);" A maioria dos desesperados por cargos, se ocupam tanto tomando conta da igreja - e dos irmãos - que sequer tem tempo para a família. Muitos deles dão mais atenção para as irmãs da igreja do que para suas próprias esposas, conheço alguns que inclusive, agridem suas mulheres. Muitos cultivam o ódio dos filhos, pois os obrigam a ir para igreja. O texto diz que o candidato deve: "... criar seus filhos sob disciplina, com todo o respeito." A atitude de obrigar os filhos a ir à igreja só serve para afastá-los de Cristo quando mais velhos.

Verso 6: "não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo." Segundo o dicionário, neófito, significa: "1 O que está para receber ou acabou de receber o batismo. 2 O recém admitido numa corporação. 3 Principiante, novato." Na maioria dos casos, os desesperados por cargos, são neófitos. E quando conseguem o que querem se enchem de soberba e maltratam o rebanho de CRISTO. É bastante provável que o querido leitor já tenha presenciado algo parecido, não é mesmo? Os mais experientes agem diferente: apóiam seus pastores, mas isso de forma coerente e não insana, achando que o pastor é infalível ou perfeito. Os mais experientes quando vêem algum irmão pecar, ao invés de fofocar para o pastor, aconselham, oram, oferecem apóio, eles não têm alegria na fraqueza de ninguém. Os mais experientes agem visando o bem estar do Reino de Deus, tudo isto, porque amam  a CRISTO e ao Seu rebanho, e em consequencia deste amor, Deus permite que cuidem do Seu rebanho. (João 21.15-17).

Verso 7: "Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos que estão de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo." Os desesperados por cargos, quase sempre são tão insuportáveis e antipáticos que até mesmo "os de fora", ou seja, os incrédulos não gostam dele. Eu próprio já presenciei uma cena triste, certa vez quando estava junto com outros irmãos evangelizando, notei uma senhora falando para um diácono: "Eu não quero o folheto não. O senhor passa aqui todo dia, é meu vizinho, e nunca fala comigo. Porque que agora na frente do pessoal da igreja 'ta' vindo falar comigo?" Para muitos a atitude daquela senhora foi apenas um ataque do diabo a fim de atrapalhar a obra de Deus. Mas eu afirmo que não. Na verdade é um reflexo do distanciamento da simplicidade do Evangelho. Estamos muito distante da realidade da igreja primitiva que "caia na graça do povo". (Atos 2.42-47).

Passando para o outro lado.
Quero concluir esta reflexão dizendo que os desesperados por cargos não são os únicos culpados, na verdade, os próprios pastores são os maiores responsáveis por tudo isto.

Verso 14 e 15: "Escrevo-te estas coisas esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade." Paulo, vendo que seu filho na fé era muito jovem e tinha uma grande responsabilidade, escreve esta carta a fim de ajudá-lo a desempenhar bem esta difícil tarefa. E dedica o capítulo 3 para mostrar as qualificações básicas do candidato ao ministério cristão. Esta orientação serviu para ajudar timóteo na escolha de seus companheiros  ministeriais. São essas características que devem servir de orientação para a escolha de um ministro do Evangelho. Por mais que alguém agrade ao pastor, dê-lhe presentes, seja seu amigo ou faça qualquer outra coisa, isso não deve servir de base para separá-lo ao ministério. Caso o pastor ignore esta verdade - não a minha, mas a declarada nos textos citados - sofrerá grande tristeza, vendo uma pessoa despreparada ocupando uma posição tão honrosa.

Recomendo a leitura do capítulo 3 de 1° Timóteo para que leitor compreenda as qualificações básicas que os ministros de Cristo devem possuir.

Em Cristo,
Maxmiler Freitas.

PS - Peço perdão pelo uso do jargão "puxar saco".

4 Comentários:

Caro Max

Saudações no Senhor

Li seu artigo e vejo nele um grito de protesto. Li algo parecido no livro A NOIVA de Charles Swuindoll. Também fiquei chocado quando deixei o meu emprego no serviço público federal para abraçar o ministério pastoral de tempo integral. O fruto dessa reflexão está no meu livro AS OVELHAS TAMBÉM GEMEM (CPAD, 2007, livro finalista do prémio ABEC. Leia esse livro para ver como se deu a minha chamada).
Todavia aprendi que no ministério existem os verdadeiros vocacionados pelo Senhor. Homens que deixaram tudo para abraçar o ide do mestre. Por isso devemos pensar como diz Alan Jones, teólogo anglicano: "São os pastores que me ferem, mas são eles que me curam". Sou um pastor quando não pensava ser e nem mesmo queria ser, mas quando deixei a Polícia Federal para seguir o Senhor, nada perdi e nada ele ficou me devendo. O Senhor tem me dado um ministério abençoado, e mesmo quando fui pastorear uma pequena cidade de sete mil habitantes no interior do Piauí (considerado no passado como a mais pobre do Brasil pelo IBGE) por cerca de três anos, nada me faltou. Pelo contrário foi um periodo riquíssimo em bênçâos. E veja que ali nem mesmo estrada pavimentada havia, nem telefonia celular, nem internet. Foi três anos e meio de aprendizado e graça.
O segreo é amar o Senhor e fazer tudo para agradá-lo. Ele recompensa a nossa fidelidade.

Que o Senhor te abençoe
Pr José Gonçalves

Que honra ter o senhor comentando em meu blog.

O engraçado é que hoje (27/08/2009), eu tive que sair para comprar um livro, e vi seu livro - As Ovelhas Também Gemem - e me lembrei que tinha acessado seu blog, até comentei com o irmão que estava comigo sobre o senhor. E quando cheguei vi seu comentário, interessante.

Realmente esta postagem é um grito de protesto, fico indignado com a atitude destes homens.

Mas fico muito mais consolado ao ver homens como o senhor que amam o rebanho de Cristo e foram chamados por Deus para exercer o ministério pastoral.

Obrigado por seu comentário,
Deus Abençoe!

Caro Maxmiler Freitas!

Obrigado pelas palavras de apreço

e porn ser um seguidor de meu blog.

Que Deus o abençõe!

Um grande abraço!

Caro irmão,
Li o seu protesto e apreciei. Estou passando um momento conplicado em minha vida. Fui separado ao pastorado há 02 meses (eu não esperava), e desde então tenho sido afligido com perguntas : "se realmente eu tenho chamada". Por quê todos, principalmente minha esposa e filhos, conseguem ver a minha chamada para o pastorado e eu não a vejo? Será se estou cego? Se estou fugindo como Jonas?
Essas perguntas tem permeado a minha mente o dia inteiro, estou decidido a procurar um pastor experiente para conversar, no entanto eu quero alguém que eu conheça que eu não possa me influenciar.
Do outro lado, não entendo como pessoas se auto intitulam "pastor" e pessoas que fazer tudo ao seu alcance para obter esse "título".
Não quero ser pastor dessa forma, eu me cobro muito, tenho medo de pecar, tenho medo de ser encândalo para os demais. Olho para mim mesmo e não vejo as qualificações necessárias para eu ser um pastor, no entanto está difícil convecer a minha esposa, meus filhos e principalmente os membros da igreja e meus vizinhos.
Graça e Paz

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