
Nas igrejas do Novo Testamento, como nas de hoje, as funções de liderança foram de fundamental importância para dar cumprimento ao propósito de Jesus, uma vez que Deus está determinado a usar vidas para alcançar vidas. Os obreiros eram responsáveis pela "boa ordem" nas igrejas. Havia extremo cuidado na escolha da liderança, pois as igrejas sabiam que o "rebanho segue o pastor" (leia Tito 2.7,8) e que uma boa liderança é necessária para o crescimento da igreja. Não havia hierarquia funcional. Havia autoridade espiritual. Os mais piedosos, que servissem com humildade, seriam reconhecidos como líderes (1° Timóteo 3.13). Não havia "leigos". Todos eram ministros, todos eram servos. A divisão entre clero e laico é desconhecida no livro de Atos.
Os diferentes títulos indicam funções de serviço, conforme os dons espirituais e a capacitação provada na prática, nunca uma posição hierárquica.
Jesus sabia, que para a realização do seu propósito de edificar a sua Igreja, precisaria perpetuar seu próprio trabalho através das igrejas que, para isso, necessitariam de liderança eficaz. Ele não somente dedicou tempo em instruir e treinar líderes, mas deu-lhes o seu próprio exemplo. Em João 20.21 lemos, literalmente, "Assim como o Pai consumou o ato de me enviar, eu estou começando a vos enviar a vós". Jesus é o "Apóstolo e sumo sacerdote" (Hebreus 3.1). Ele é o profeta que encarnou e proclamou os juízos de Deus (Atos 3.22). É o evangelista, proclamador de boas novas (Lucas 4.18-20), o bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas (João 10.11), o mestre revestido de autoridade (Mateus 23.8,10), o bispo que possui uma visão global e superior do Reino, podendo ver o presente e o futuro, o local e o universal simultaneamente (Atos 1.8). Ele é o diácono que se cinge de uma toalha para lavar os pés dos discípulos (João 13.13-16). Depois de instruir os discípulos e de lhes dar o exemplo, Jesus lhes envia o seu Espírito para permanecer neles, capacitando-os para serem apóstolos, (pastores ou mestres, evangelistas, bispos, anciãos) e diáconos com o mesmo Espírito.
Jesus, através do seu Espírito, não institui cargos na Igreja, mas funções de serviço, nas quais todos têm igual responsabilidade e igual recompensa.
A espiritualidade é a obra do Espírito Santo na Igreja. O Espírito Santo não produz barulho, gritaria , descontroles emocionais nem revelações fantasiosas. Seu fruto na Igreja é o amor, a alegria, a apaz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, mansidão e domínio próprio (Galátas 5.22,23). Essas são as marcas de uma igreja verdadeiramente espiritual e devem ser também as marcas da sua liderança.
Extraído da revista: "Capacitação cristã", "Série Aperfeiçoando". Edição n° 3 - Eclesiologia - A doutrina da igreja.