33 Minutos que mudarão sua opinião sobre aborto

São 33 minutos que farão você pensar sobre o assunto. Cabe lembrar que o filme possui algumas cenas fortes, então recomendamos...

Modelo de Credencial de Igreja

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Palmas para Jesus

Vou apontar para alguns argumentos que me fazem discordar do gesto de “Bater palmas para Jesus” ou “aplaudir Jesus” ou mesmo aplaudir o grupo que está cantando em um culto...

Pregações do Pastor Juanribe Pagliarin

Pregações do Pastor Juanribe Pagliarin Diversas pregações do Pastor Juanribe Pagliarin disponibilizadas para download, basta acessar este link para você baixar...

Sermão Expositivo o Pastor - Hernandes Dias Lopes

Sermões do Pastor Hernandes: Você quer ser curado? Por que a igreja existe? A restauração de Deus na tragédia. Pastores segundo o coração de Deus. Você sabe quão rico você é?...

28 de dez. de 2009

Conhecido no Céu, respeitado na terra e temido no inferno

E ai de quem se levantar contra mim, cairão por terra! Eu fui chamado por cabeça e não como cauda, e se algum filho do cão se colocar no meu caminho eu passo por cima...

Calma, eu não sou desse tipo, mas acredite, já ouvi um pregador usar esse jargão, ele disse exatamente isso: "eu sou conhecido no Céu, respeitado na terra e temido no inferno." Não sei o que leva uma pessoa a pensar isto, mas o que me preocupa é o povo de Deus que tem em suas mãos a Bíblia Sagrada se deixar levar por frases de efeito como esta. E antes que mais alguém se deixe levar por essa frase de efeito e diga que isso é "tremendo" ou "profundo", deixe-me dizer uma coisa: A Bíblia não oferece base para tal argumento! É isso mesmo. O diabo não teme ninguém, apenas o nome de Jesus e Sua Pessoa, nós podemos sim expulsar demônios, saquear o inferno, ganhar almas para Jesus, mas tudo sob o Poder e Autoridade de Jesus e Seu nome. O homem que quiser - confiando em si mesmo - enfrentar o diabo ou o inferno será envergonhado. "E alguns judeus, exorcitas ambulantes, tentaram invocar o nome de Jesus sobre possessos de espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega... Mas o espírito maligno lhes respondeu: conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? E o possesso do espírito maligno saltou sobre eles, subjugando a todos, e, de tal modo prevaleceram contra eles, que, desnudos e feridos, fugiram daquela casa." (Atos 19.13,15,16)

Tiago diz: "Sujeitai-vos, pois a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tiago 4.7)

Note que existe um caminho a ser seguido: se sujeitar a Deus, e resistir ao diabo. Isso quer dizer que por mais que o homem seja cheio de "poder", se ele não resistir ao diabo, será sua presa. Vejamos o que Pedro diz em sua primeira epístola: "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé..." (1º Pedro 5.8,9a) E Pedro sabia do que falava, já que após dar ocasião ao diabo foi, por ele, "cirandado como trigo." (Lucas 22.32-34; 54-62). E por falar em pedro, ele é a prova que desmente a afirmação do tal pregador. Vejamos: "Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Felipe, perguntou a seus discípulos: quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: uns dizem: João Batista; outros Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu é o Cristo o Filho do Deus Vivo. Então, Jesus lhe afirmou: bem aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos Céus... Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia. E Pedro, chamando à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: arreda, satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das coisas dos homens." (Mateus 16.13-17; 21-23). Se o diabo realmente temesse o homem deveria estar a mais de dez quilômetros de distância de Pedro, ainda mais depois da revelação que Pedro teve, sem falar na declaração que o próprio Jesus fez a respeito dele, mas ele não fugiu, pelo contrário, estava ali rodeando, e achou em Pedro -  que possivelmente estava cheio de orgulho - uma brecha e rapidamente usou sua boca para tentar atrapalhar a obra de Deus.



O próprio apóstolo Paulo falou que nós não devemos "... ignorar os ardis de satanás" (2° Coríntios 2.11). Sem contar no arcanjo Miguel que ao contender com o diabo, "... Não ousou proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!" (Judas 9). Mas o que isso importa? Afinal, o "legal" mesmo é participar da mensagem, corresponder a expectativa do pregador, para não sermos chamados de "bocas de concreto" e coisas desse tipo. Não tem nenhum problema em servir de marionetes nas mãos desses pregadores que sem conteúdo algum, passam o tempo mandando os irmãos virar para o lado, cutucar com carinho o seu irmão e falar isso ou aquilo.

"Sejamos fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder. Revestindo-nos de toda a armadura de Deus, para podermos ficar firmes contra as ciladas do diabo; ... portanto, tomemos toda a armadura de Deus, para que possamos resistir no dia mau e, depois de termos vencido tudo, permanecer-mos inabaláveis. Esteja-mos, pois, firmes, cingindo-nos com a verdade e vestindo-nos da couraça da justiça. Calçemos os pés com a preparação do Evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual poderemos apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomemos também o capacete da salvação e a espada do Espírito que é a Palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda a perseverança e súplica por todos os santos." (Efésios 6.10,11,13-18).

15 de dez. de 2009

Dízimo, obrigatório ou não?

Essa eu vi no Bereianos



O Dízimo
Autor: Túlio Cesar Costa Leite[1]

Introdução
O movimento Reformado representou um retorno às Escrituras Sagradas. Como consequência, o acúmulo de tradições acrescentadas à fé apostólica foi varrido da igreja. Somos filhos da Reforma e temos a obrigação de julgar nossas próprias práticas à luz da Bíblia, comparando Escritura com Escritura. A máxima “igreja reformada sempre se reformando” deve ser sempre lembrada e praticada. Deveríamos hesitar em abolir ensinos que não se respaldam na Revelação? Não há erro quando alguém obriga a si próprio a não comer carne, ou guardar determinados dias, ou se abster de algo, ou colocar sobre si qualquer outra obrigação sobre a qual não há mandamento bíblico (Rm 14.2-6). Porém, o erro passa a existir quando pretendemos impor a outra pessoa exigências que a Bíblia não impôs. Pretendo demonstrar a seguir que o dízimo, conforme tradicionalmente ensinado e praticado nas igrejas evangélicas, enquadra-se nesta definição.

Um histórico da prática do dízimo
A igreja pós-apostólica viveu a tensão entre a prática do dízimo e a afirmação paulina de que Cristo nos libertou da lei (Gl 5.1). Nos séculos 5 e 6, encontramos a prática do dízimo bem estabelecida nas áreas antigas da cristandade do ocidente. No século 8 os soberanos carolíngeos tornaram o dízimo eclesiástico parte da lei secular. Já no século 12, os monges que antes tinham sido proibidos de receber dízimos, sendo obrigados a pagá-los, obtiveram certa medida de liberdade ao obterem permissão para receber dízimos e, ao mesmo tempo, tendo isenção do pagamento deles. Controvérsias sobre dízimos sempre surgiram quando pessoas procuravam evitar o pagamento, ao passo que outras tentavam apropriar para si as rendas dos dízimos. Os dízimos medievais eram divididos em prediais, cobrados sobre os frutos da terra; pessoais, cobrados dos salários da mão-de-obra; e mistos, cobrados da produção dos animais. Esses dízimos eram subdivididos, ainda, em grandes, derivados de trigo, feno e lenha, pagáveis ao reitor ou sacerdote responsável pela paróquia; e pequenos, dentre todos os demais dízimos prediais, mais os dízimos mistos e pessoais, pagáveis ao vigário. Na Inglaterra, especialmente por volta dos séculos 16 e 17, a questão dos dízimos foi uma fonte de conflito intenso, visto que a Igreja Estatal dependia dos dízimos para sua sobrevivência.

Implicações sociais, políticas e econômicas eram consideráveis nas tentativas do arcebispo Laud de aumentar o pagamento dos dízimos, antes de 1640. Os puritanos ingleses e outros queriam a abolição dos dízimos, substituindo-os por contribuições voluntárias para sustentar os clérigos. Mas a questão dos dízimos despertou paixões ferozes e amarguras, notáveis dentre todas as questões associadas com a guerra civil inglesa. Depois da guerra, o dízimo obrigatório sobreviveu na Inglaterra até o século 20.[2]

O texto clássico
"Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida." Ml 3.8-10

Este é o texto clássico usado para ensinar aos membros da igreja a prática do dízimo, isto é, a entrega à igreja de 10% do salário bruto mensal. É concordância generalizada entre os evangélicos que o dízimo não é dado, mas sim “devolvido” a Deus. Não poucos testemunhos confirmam que dar o dízimo acarreta bênção e o contrário traz maldição:

Temos um colega que recebeu uma carta de uma senhora que foi membro de sua Igreja e ele chorou amargamente ao ler aquela carta, porque aquela senhora dizia o seguinte: "Pastor, eu lhe agradeço por tudo quanto o senhor me fez durante o tempo em que fui membro da sua Igreja. Mas eu fui obrigada a me mudar dessa localidade e fui frequentar outra Igreja. O senhor nunca me falou a respeito do dízimo. O outro pastor me ensinou a ser dizimista, e Deus me abriu as janelas dos céus e me tem dado tantas e tão grandes bênçãos que eu lamento ter perdido doze anos na sua Igreja recebendo maldição, quando Deus tinha uma bênção sem medida para mim, se eu fosse fiel." Um pastor que recebe uma carta assim só pode chorar.[3]

Testemunhos dessa natureza prendem a atenção dos ouvintes e são usados para confirmar a veracidade do ensino a respeito do dízimo. É difícil discordar de algo que produz resultados como este: “Certo dia, quando recolhíamos os dízimos eu li este versículo. Estava presente um engenheiro que, tendo sido muito rico, perdera tudo em poucas semanas, e quando eu li este versículo ele compreendeu que isto tinha acontecido na sua vida, e, naquela hora, prometeu a Deus que ia ser fiel na entrega dos dízimos. O que Deus fez e está fazendo na vida daquele homem é simplesmente espantoso. Um ano depois este engenheiro era presbítero da minha Igreja e podia dizer: Hoje eu sou muito mais rico do que era quando Deus assoprou minha riqueza porque Ele já me devolveu em dobro o que assoprou. Este homem tem sido uma bênção na Igreja e no seu trabalho."[4]

Uma doutrina, por mais atrativa que seja, não pode ter sua autoridade respaldada pela experiência. O texto sagrado deve ser o único pilar sobre o qual se assenta o ensino.

Qualquer outro alicerce deve ser considerado supérfluo e indesejável. Sabemos também que a doutrina não pode ser baseada num único texto. É necessário que haja uma concordância com outras partes do Livro Santo. Examinemos se o dízimo, tal como é ensinado acima, confirma-se à luz das Escrituras.

O Novo Testamento ensina a prática do dízimo?
Uma primeira constatação é que não há, no Novo Testamento, nenhum parâmetro mínimo estipulado para a contribuição. O apóstolo Paulo organizou uma grande coleta para os necessitados da Judéia. As duas epístolas aos Coríntios trazem referência a esta coleta:
“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.” 1 Co 16.1-2

Nos capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios, Paulo desenvolve seu ensino acerca das contribuições. Estes textos se referem à alegria da contribuição, à generosidade, à liberalidade, à presteza em ofertar:
“E isto afirmo, aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará." (9.6). "...porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade." (8.2). "Pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos." (8.4). "...assim, como revelastes prontidão no querer, assim a leveis a termo, segundo as vossas posses." (8.11). "porque bem reconheço a vossa presteza, da qual me glorio...” (9.2)

Não vemos nenhuma referência a uma contribuição mínima que é obrigatória – o dízimo – e a partir daí, ofertas voluntárias. Ao contrário, o ensino de Paulo, é que se a contribuição não for voluntária, não deve ser dada:
“Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de outros, a sinceridade do vosso amor;" (8.8). "Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem." (8.12). "Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria." (9.7). "Ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres (...) se não tiver amor, nada disso me aproveitará.” (1 Co 13.3).

Ofertas voluntárias são o método de contribuição do Novo Testamento:
“E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades. Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito. Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.” (Fp 4.15-18)

Paulo usa a figura dos sacrifícios vetero-testamentários com relação às ofertas: as ofertas dos filipenses foram, diante de Deus, “como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus”. "Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as cousas boas aquele que o instrui" (Gl 6.6). Paulo, aqui, faz referência à obrigação de dar sustento àqueles que se afadigam no ensino da Palavra. Ensino repetido em 2 Tessalonicenses 5.12:
“Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam.”

E mais detalhado em 1 Coríntios 9:
“Não temos nós o direito de comer e beber?" (v 4). "Ou somente eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?" (v 6 – Paulo refere-se ao trabalho secular). "Se nós vos semeamos as cousas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?" (v 11). "Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E que serve ao altar do altar tira o seu sustento?" (v 13).  A referência aqui é a Dt 18.1, que permite aos levitas comer partes dos sacrifícios oferecidos no Templo. De fato, existe o direito bíblico (do qual Paulo abriu mão, pelo menos com relação aos coríntios – 1 Co 9.15 – e aos tessalonicenses – 1 Ts 2.7,9; 2 Ts 3.8-9) de os pregadores pastores - mestres serem sustentados pelas suas congregações:
“Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho. " (v 14). Porém não há referência a dízimos.

Algumas outras citações, entre muitas:
“... compartilhai as necessidades dos santos." (Rm 12.13) "... façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé." (Gl 6.10). "Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado." (Ef 4.28). "Exorta aos ricos do presente século... que... sejam... generosos em dar e prontos a repartir” (1 Tm 6.17,18).

Note-se o ensino consistente e positivo do Novo Testamento a respeito da generosidade, da liberalidade, da prontidão em repartir. A contrapartida negativa temos nas muitas advertências a respeito da avareza:
“O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mt 13.22). "Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui." (Lc 12.15). "Sabei, pois, isto: nenhum... avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus." (Ef 5.5). "Porque nada temos trazido para o mundo, nem cousa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores." (1 Tm 6.7-10). "Seja a vossa vida sem avareza.” (Hb 13.5).

Esta é a doutrina. Isso é o que devemos ensinar. O que passar disso pode ser considerado ensino bíblico?

Jesus ensinou a prática do dízimo?
Argumenta-se que Jesus ensinou que devemos dar o dízimo em Mateus 23.23:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas!”

Note-se: obedecer os preceitos mais importantes da lei, sem omitir o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, é o que Jesus afirma.

De fato, esta afirmação de Jesus nos remete à discussão sobre a Lei e a Graça, o Velho e o Novo Testamento, a Antiga e a Nova Aliança.

Não ignoramos a profecia de Jeremias:
“Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá..." (31.31). Esta profecia foi lembrada pelo autor de Hebreus que ensina a respeito de Jesus como Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas (8.6), e completa: "Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer" (8.13). Paulo afirma o mesmo com outras palavras: "De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio” (Gl 3.24-25).

Sabemos que há dois testamentos, duas alianças – uma antiga, que já passou, e uma nova, que vigora. Mas, quando começou a vigorar a nova aliança, o novo testamento? Hebreus responde:
“Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador; pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador." (Hb 9.16-17) Oh! que significado tem as palavras de Jesus na última ceia: "porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.” (Mt 26.28).

Vemos, assim, que os evangelhos retratam acontecimentos da antiga aliança. Poderíamos dizer que o Antigo Testamento se estende até Mateus 27.50 quando “Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito.”

Dessa forma, podemos entender muitas passagens do NT:
Em Lc 1.15 o anjo Gabriel consagra João Batista ao nazireado, conforme Nm 6.3.
Em Lucas 2.21 Jesus é circuncidado obedecendo ao disposto em Levítico 12.3;
Em Lucas 2.22 Maria se purifica conforme estabelecido em Levítico 12.4;
Em Lucas 2.23 os pais de Jesus oferecem o sacrifício prescrito em Levítico 12.6-8;
Em Mateus 8.4 Jesus manda um leproso fazer o sacrifício prescrito em Levítico 14;
Em Lucas 19.8 Zaqueu se submete duplamente à pena estabelecida em Êxodo 22.9;
Em Mateus 17.24 Jesus paga o imposto estipulado em Êxodo 30.11-16
Em Mateus 26.17 Jesus e os discípulos cumprem o requerido em Êxodo 12.1-27.

Entendemos, então, que enquanto Jesus vivia, a Lei Mosaica estava em vigor. Como entender Mt 8.4, onde Jesus ordena a apresentação de um sacrifício de animal ao que havia sido curado de lepra? É necessário que façamos isto hoje? Evidentemente que não. Da mesma forma, quando, em Mt 23.23, Jesus ordena aos fariseus que dêem o dízimo do cominho, da hortelã e do endro, devemos entender que eles estavam debaixo da mesma aliança mosaica que obrigou o leproso a cumprir o ritual de Levítico 14. Há, portanto, nos relatos dos evangelhos, um aspecto de transição entre o que é e o que há de vir. Por isso é preciso cuidado para não impor sobre o Novo Israel prescrições relativas ao Antigo Israel. Pois não estais debaixo da lei e sim da graça (Rm 6.14).

O dízimo está acima da Lei?
Existe uma passagem em Gênesis 14.20 – E de tudo lhe deu Abrão o dízimo – que é usada para defender a prática do dízimo como supra-legal, ou seja, acima da lei. Eis o argumento: Abrão deu o dízimo a Melquisedeque, rei de Salém, antes da Lei ser estabelecida. Logo o dízimo é antes da Lei. Portanto o dízimo perdura após o fim da Lei.

Tomemos outra passagem para testar a validade da argumentação acima – Gn 17.10:
“Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado.” Em Gn 17.23-27 vemos Abraão circuncidando-se a si, a Ismael, e a todos os homens de sua casa. Argumentemos: Abrão circuncidou-se antes da Lei ser estabelecida. Logo a circuncisão é antes da Lei. Portanto a circuncisão perdura após o fim da Lei.

Temos, assim, verificado que se este argumento é procedente para validar o dízimo, é da mesma forma procedente para justificar a prática da circuncisão.

O Dízimo e a Lei Mosaica
"Trazei todos os dízimos..." (Ml 3.10).
Nenhum profeta do Antigo Testamento criou doutrina nova. A síntese do que diziam pode ser resumida na seguinte sentença: Voltem para a Lei. Em outras palavras: lembrem-se do que Moisés vos prescreveu. De modo que, se queremos saber mais a respeito do dízimo devemos nos voltar para suas prescrições no Pentateuco. E é aí que encontraremos algumas surpresas:
- Em Lv 27.30-33 aprendemos que os dízimos são Santos ao SENHOR.
- Em Nm 18.21ss aprendemos que os dízimos são “herança dos Levitas”.
- Porém em Dt 12.5ss e 14.22ss aprendemos a respeito da dinâmica da entrega dos dízimos: "eles eram comidos e bebidos pelo próprio ofertante e sua família no Templo, diante do SENHOR, numa celebração alegre e festiva: A esse lugar [o Templo] fareis chegar os vossos... dízimos... Lá comereis perante o SENHOR, vosso Deus, e vos alegrareis..." (12.6,7) Se o caminho até o Templo fosse longo, o israelita poderia vender o seu dízimo e, chegando a Jerusalém, comprar tudo o que deseja a tua alma: "vacas, ovelhas, vinho ou bebida forte, ou qualquer cousa que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR, teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua casa." (14.26).

Repetidamente há a recomendação de não desamparar o levita (12.12, 18, 19; 14.27). E, finalmente, no capítulo 14 uma ordem especial: “Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade. Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem." (v 28-29).

Portanto vemos claramente que somente de 3 em 3 anos o dízimo era entregue integralmente aos levitas. Nos anos restantes ele era consumido alegremente “perante o SENHOR” pelo próprio ofertante, por sua família e por muitos convidados, num grande banquete. Em Ne 13.10-12, vemos a restauração da prática do dízimo no Judá pós exílio.

Ali está a referência aos “depósitos” onde eram armazenados os dízimos. A que prática olvidada pelo povo Malaquias estava se referindo? A tudo o que acabamos de descrever do livro de Deuteronômio. Portanto, se quisermos usar o profeta para restaurar a prática do dízimo, não podemos omitir os textos Mosaicos a que ele está se referindo, pois uma boa norma de hermenêutica diz que um texto não pode significar para nós o que não significou para os seus destinatários originais.

Conclusão
Cremos que as Escrituras Sagradas do Velho e do Novo Testamento são a Palavra de Deus e a única regra de fé e prática dada por Ele à sua Igreja, e que são falsas e perigosas todas as doutrinas e cerimônias contrárias a essa palavra, e todos os usos e costumes acrescentados à simples lei do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo? Sim, cremos.

A confissão que fizemos nos lembra que tudo o que é extrabíblico é, na verdade, anti-bíblico, que qualquer imposição que se revele sem raízes nas Escrituras deve ser considerada falsa e perigosa, mesmo que tenha sido instituída com propósitos elevados.

O dízimo tradicionalmente praticado pelos evangélicos é bíblico? Se não for não pode ser legitimamente exigido de nenhum membro. Já se afirmou que se o dízimo for extinto a igreja perderá o seu sustento. Ora, este não é um argumento bíblico. Respondemos que a doutrina bíblica nunca prejudicará a vida da igreja e que a verdade jamais será perniciosa; pelo contrário, se tivermos a determinação de ensinar que os membros são livres para dar ou não dar, que não há patamar mínimo exigido, que Deus ama a quem dá com alegria, que devemos ser generosos, guardar-nos da avareza, ser prontos em repartir, acumular tesouros no céu... Deus responderá derramando sobre a Sua igreja bênçãos sem medida.

Notas:
1 - Presbítero da Igreja Reformada Presbiteriana em Maricá
2 - Extraído da “Enciclopédia Histórico-Teológica da Bíblia”. Ed. Vida Nova. Verbete “dízimo”. Negrito acrescentado. A afirmação destacada merece consideração, pois os puritanos, nossos antepassados, representam o ápice do movimento reformado.
3 - Extraído do livreto “Fidelidade. Mordomia Cristã. Dízimo -- método divino de contribuição” do Rev. Jacob Silva. Ed. do Autor. São Paulo. 1983. p..22-23
4 - Idem, p. 21


Autor: Túlio Cesar Costa Leite - Presbítero da Igreja Reformada Presbiteriana em Maricá

Ps - Este artigo foi modificado, mas você pode ler o texto original.

8 de dez. de 2009

Jerusalém dos tempos apostólicos aos dias de hoje

"Com a destruição de Jerusalém e do templo no ano 70 d.C. e a devastação de toda a Judéia, a Palestina perdeu completamente sua importância política, e só voltou a alcançar alguma importância depois do ano 323 d.C. quando o imperador Constantino aderiu ao cristianismo, voltando a cair no esquecimento com a decadência do Império Romano (475 d.C.). Exceto nos tempos das Cruzadas (anos 1000 de nossa era), que foram feitas com a "intenção da devolução das terras sagradas" aos cristãos, a Palestina permaneceu esquecida até o fim da I Guerra Mundial, quando os aliados a libertaram do Império Otomano e abriram as portas do país à imigração judaica.

Em 1922, a Inglaterra assumiu por mandato da Liga das Nações, a incubência de colocar a Palestina em condições políticas, administrativas e econômicas que garantissem a instalação de um lar nacional judeu; e foram delimitadas as fronteiras do país, ficando excluída a Transjordânia. O mandato terminou em 1948 com a retirada da administração britânica.

Em 1947 a Assembléia das Nações Unidas votou pelo estabelecimento, na Palestina, de um estado judeu e de um estado árabe. Os arábes palestinianos, não conformados com a situação, deram início a uma série de hostilidades contra os judeus, que resistiram, e em 14 de maio de 1948 foi proclamado o Estado de Israel, com a estrutura de republica democrática, o primeiro governo autônomo do país em 2 mil anos de história. Exatamente no dia seguinte ao término do mandato inglês da Palestina os Estados da Liga Árabe invadiram o território de Israel com o propósito de liquidá-lo. Estava deflagrada a guerra israelense de independência, que só terminou em 1949 (...) e que resultou na ampliação da área do estado judeu além das fronteiras propostas pelas ONU na chamada Revolução Partilha.

Em 1955 voltaram as incursões de bandos armados egípcios no terrítorio israelense, saqueando, matnado centenas de judeus resultando na invasão da península do Sinai por Israel em outubro de 1956, terminando por vencer o inimigo e destruir suas bases de penetração. As Nações Unidas, no entanto, constrangeram as forças israelenses a se retirarem para suas fronteiras anteriores (...). Terminou assim a chamada Guerra do Sinai. De fato as promessas foram cumpridas, mas 10 anos depois, a pedido do Egito (aliado da Síria, provocadora da tensão), as forças internacionais foram retirads das fronteiras israelenses e em 5 de junho de 1967, Israel foi invadido pelos quatro países simultaneamente (Síria, Jordânia, Egito e Argélia), arrastando consigo mais oito estados árabes. Israel enfrentou os inimigos em três frentes: Síria, Jordânia e Egito, destruindo seu poder beligerante em cerca de 100 horas e ocupando todas as áreas ao ocidente do Jordão e quase toda a península do Sinai". (Osvaldo Ronis. Geografia Bíblica)

As ocorrências da atualidade, envolvendo isralenses e palestinos, atos de terrorismo e de retaliação, aparentemente numa luta sem fim, representam a ponta da história em movimento, até chegarem dias em que se cumpram as antigas promessas de Deus aos descendentes de Abraão.

6 de dez. de 2009

"Pau que nasce torto, morre torto" O Fatalismo

"Portanto se alguém está em Cristo nova criatura é; as coisas velhas se passaram, tudo se fez novo" 2Corintíos 5.17

Esse falso provérbio popular tem enganado e desanimado a muitos. Ao dizer estas palavras as pessoas desistem de esperar mudanças em outras pessoas e se entregam a um verdadeiro fatalismo. Vamos perceber nesta reflexão que esse falso conceito não tem nenhuma base bíblica, e vamos descobrir o que realmente a Bíblia diz sobre alguém que começou em más circunstâncias.

1. O que é o fatalismo? - Na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia de R. N. Champlin lemos que o fatalismo "aponta para inevitabilidade dos acontecimentos com ou sem causas conhecidas". No dicionário Báscio de Filosofia de H. Japiassú encontramos que o fatalismo "(do latim fatalis, fatum, destino), doutrina segundo a qual todos os acontecimentos do universo, especialmente os da vida humana, encontram-se submetidos ao destino... não restando nenhum lugar para a inteligência e a iniciativa humanas". E por fim, no Dicionário Teológico de Claudionor Corrêa de Andrade, CPAD, encontramos a seguinte definição para o fatalismo: "Doutrina de que os acontecimentos operam independentemente de nossa vontade e dos quais não podemos escapar".

2. O fatalismo e as Escrituras - O fatalismo contraria as Escrituras que afirmam ser o homem livre para escolher o seu próprio destino. (Deuteronômio 30.19; Salmos 7.15; Isaías 1.19,20; 715; Oséias 8.7; 2Coríntios 9.6; Galátas 6.17). O fatalismo nega a obra redentora do Calvário. Galátas 3.13,14; 2Coríntios 5.17.

3. Casos concretos nas Escrituras que contrariam a doutrina do fatalismo.
  • Pedro, o pescador profano, torna-se um homem restaurado pelo Poder de Jesus e um dos maiores pregadores do primeiro século (Mateus 26.74; Atos 2.14-41; 5.15)
  • O endemoninhado agressivo e intranquilo torna-se um homem calmo, em perfeito juízo. Marcos 5.5,15.
  • João um discípulo vingativo, torna-se o apóstolo do amor. Lucas 9.53,54; 1João 4.7.
  • A samaritana de má reputação torna-se testemunha da verdade. João 4.17,18,29.
  • Saulo o cruel e violento perseguidor, torna-se no terno apóstolo Paulo. Atos 9.1; 21.13.
  • O insensível carcereiro de Filipos torna-se amigo generoso e compassivo. Atos 16.24,33.
4. O carpinteiro de Nazaré - O fatalismo e a predestinação, que é a filha do fatalismo, não encontram base nas Escrituras. O Carpinteiro de Nazaré ainda desentorta pau torto, vida torta. Porém seu futuro dependerá das escolhas que você e sua família fizerem hoje.

Igreja - Uma Comunidade de Redenção

 Jesus sonhou com uma igreja que desse continuidade ao seu projeto de resgate da humanidade para o amor do Pai. A missão redentiva da igreja no próposito de Jesus está evidenciada:

    Na Grande Comissão e textos correlatos, especialmente Lucas 24.44-47: "Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dos mortos, e em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados em todas as nações, começando por Jerusalém" (VR). Vale a pena destacar a diferença que faz a preposição grega eis, aqui como o acusativo, que indica extensão, propósito, na expressão "arrependimento para redenção". A mensagem entregue por Jesus à igreja para proclamar é de "arrependimento com o propósito definido de remissão". Jesus sonha com uma comunidade de remidos que seja um canal e sinal de redenção. Cada ser humano liberto do pecado por Jesus é uma prova, um sinal de redenção. Jesus sonhou com uma comunidade de remidos-para-remir, sendo ele mesmo o Remidor "através do seu sangue" (Efésios 1.7). Jeus estava disposto a pagar o preço - e pagou! para que o seu sonho se tornasse realidade. Agora ele sonha com igrejas que sejam canais de redenção para todas as nações. Sempre que a igreja perde a visão da sua missão redentiva, deixa de ser a igreja idealizada por Cristo. Na sinagoga de Nazaré, Jesus recita profecia de Isaías para declarar que foi ungido pelo Espírito do Senhor para "proclamar a remissão aos presos" (BJ). No Pentecostes, o Espírito do Senhor ungiu a igreja para dar continuidade à missão de redenção dos cativos do pecado, como Pedro demonstra entender ao apelar: "salvai-vos desta geração perversa" (Atos 2.40).

    As parábolas de Jesus demonstram a centralidade da redenção na própria natureza da sua proclamação. No pensamento de Jesus, porém, a redenção não é um fim em si mesma, senão um meio para resgatar o valor e o significado do objetivo da redenção. Por exemplo, nas parábolas de Lucas 15: A dracma, enquanto perdida, estava destituída de qualquer valor. Seu valor foi remido quando ela foi encontrada. A ovelha perdida estava condenada à morte. Seu valor para o aprisco estava nulo. Sua lã, seu leite, suas crias, tudo estava perdido. Ela foi remida para o aprisco. Seu valor foi resgatado. O filho pródigo estava morrendo. O tempo imperfeito dos verbos no verso 16 indica uma agonia continuada e progressiva. Foi remido para o convívio com o pai. Seu valor para o amor do pai foi resgatado. Como erramos quando pensamos na salvação como um fim em si mesma. O objetivo de Deus na redenção é o que se segue a ela: a nova vida dos salvos na comunhão santa e amorosa do Pai. Na parábola de Lucas 10, Jesus se apresenta a si mesmo como o samaritano que socorre o homem agonizante, vítima dos salteadores, leva-o a um lugar seguro, entrega-o aos cuidados do estalajadeiro, paga o preço e diz: "Cuida dele até que eu volte". O resgate da vida humana para o propósito divino original da criação, anterior à queda, para a vida abundante, é o objetivo que Jesus tem em mente (João 10.10). Cabe à igreja, como agência de redenção, não apenas chegar perto do pecador, erguê-los nos braços, prestar-lhe os primeiros socorros, cuidar das feridas da alma e do corpo, mas cuidar dele até que o Senhor volte.

    Os milagres de Jesus são sinais da redenção. Ele demonstra o propósito de resgatar a qualidade de vida do ser humano neste mundo como prenúncio da plenitude da vida na eternidade. Seu propósito não abrange apenas a remissão da culpa, mas o resgate da personalidade integral do ser humano para a vida em Deus. As curas efetuadas por Jesus não eram apenas provas da sua compaixão pelos que sofrem. Eram sinais para que todos cressem n'Ele a fim de alcançarem a vida eterna (João 20.31). O resgate espiritual,  a remissão dos pecados, uma nova vida era o seu objetivo, como vemos no caso do paralítico de Betesda, João 5.14: "Vai e não peques mais para que não te aconteça coisa pior". Saciar a fome da multidão como prova da sua compaixão pelos que sofrem era um sinal através do qual Jesus desejava ser aceito pela fé como o Messias selado com o selo da redenção João 6.26,27: "Vós me procurais, não porque vistes os sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes; trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque a este o Pai Deus o selou."

Extraído da revista: "Capacitação cristã", "Série Aperfeiçoando". Edição n° 3 - Eclesiologia - A doutrina da igreja

5 de dez. de 2009

A Destruição do Grande Templo

"Ora, Jesus, tendo saído do Templo, ia-se retirando, quando se aproximaram d'Ele os seus discípulos, para lhe mostrarem os edíficios do Templo, como estavam ornados de formosas pedras e dádivas. E disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios! Mas Ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada." (Mateus 24.1; Lucas 21.5b; Marcos 13.1b; Mateus 24.2).

Que pedras e que edifícios! Aquelas pedras causavam muita admiração porque eram cortadas em esquadros perfeitos. Seus comprimentos variavam de 1,25 a 3,0 metros de largura por 1,0 metro de altura. Pesavam de duas a cinco toneladas cada! Eram empilhadas umas sobre as outras, sem argamassa, e formavam edifícios impressionantes. Recentemente, nas ruínas do Templo, arqueólogos encontraram pedras miores, de até cinquenta toneladas! Porém, a surpresa maior veio quando escavavam um túnel e deram com uma pedra gigantesca, que mede doze metros de comprimento por quatro de largura e três de altura! O seu peso foi calculado em quatrocentas toneladas! Imagine as suas dimensões e diga se realmente não é impressionante!

Não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. Quando, no ano 70 d.C., o general Tito sitiou Jerusalém, era impossível penetrar numa cidade murada por tão grandes pedras. os judeus resistiram com fervor religioso. Depois de quatro meses e quatorze dias de cerco, o moral dos soldados romanos estava muito baixo e as tropas estavam cansadas e desanimadas. Então, espalhou-se a notícia de que os judeus formavam um povo muito estranho: além de adorarem a um Deus que não podia ser representado por ídolo algum, e de pararem o trabalho de seis em seis dias, tinham o curioso hábito de guardarem seus tesouros debaixo das pedras de suas casas, inclusive do Templo, que teria muito ouro nos seus alicerces! Aquele boato despertou a ganância dos soldados romanos e os impeliu a um ataque implacável, que terminou com jerusalém em ruínas! Terremotos posteriores acabaram por cumprir a profecia de Jesus.

Por: Juanribe Pagliarin
Em: O Evangelho Reunido

Adoração - O Momento Mais Sublime na Vida do Cristão


Adoração no Cristianismo. A adoração não se restringe a uma mera liturgia; abrange a absoluta e amorosa abediência com que acatamos os mandamentos divinos (Romanos 12.1-3). À samaritana, disse o Senhor Jesus que a verdadeira adoração não estaria centrada nem em jerusalém, nem no monte Gerizim, mas teria como base o coração daqueles que, em verdade, buscam a Deus através de seu Unigênito (João 4.23,24).

A Adoração de Jó. Quão grande é o exemplo de Jó! No auge da provação, confessa que, mesmo que Deus o matasse, n'Ele confiaria (Jó 13.15). Isto é adoração! Isto é o mais provado dos amores!

A adoração de Jó foi completa tanto em atitudes quanto em palavras: Ele levantou-se, rasgou o manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra. Não era a atitude de um desesperado; e, sim, a de alguém que esperava contra a própria esperança (Romanos 4.18). Em seguida, professa o seu credo: "... Nu sai do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR  o deu o SENHOR o tomou; Bendito seja o nome do SENHOR" (Jó 1.20,21).

Neste exato momento, sela o patriarca a sua vitória sobre toda a tormenta que se abatera e que ainda se abateria sobre si. Era a fé que leva à adoração; era a doração que conduz à vitória. Leia Hebreus 11.33-38.

Como estamos adorando à Deus? Os contemporâneos de Isaías supunham que a adoração à Deus estivesse restringida a uma liturgia pomposa e circunstancial. Por isso, o Senhor os repreende: "Este povo me honra com os lábios; mas seu coração está longe de mim" (Isaías 29.13).

A adoração não pode estar limitada a um intercâmbio mercantil. Devemos adorar a Deus não em virtude dos bens que d'Ele recebemos; e, sim: porque Ele é o que é. Ele criou-nos; d'Ele somos. Ainda que de Deus nada viéssemos a receber, a Deus deveríamos prestar todas as honras.

Os dons de liderança na igreja

Que bom se todos os líderes de igrejas soubessem disto!

Apóstolo (apostolos) - Figura como substantivo ou adjetivo, significando "embaixador" comissionado, aquele que é enviado com uma missão específica. Ocorre 79 vezes no Novo Testamento. Stricto sensu, designa um grupo de 12 homens que conviveram com Jesus e são testemunhas pessoais do seu ministério e da sua ressurreição. A estes 12, Jesus enviou com autoridade sobrenatural para operar sinais e proclamar a sua mensagem. lato sensu, designa uma das funções dos missionários cristãos (Interpreter's Bible Dic, in loc). Em que pese a doutrina católica de sucessão apostólica e a presunção mórmom de possuir os doze, os textos bíblicos, em nenhuma instância deixam a idéia de uma transmissão ou linha sucessória. Não é um título formal ou institucional, mas operacional, como todos os títulos de liderança no NT. Paulo atribui a si  mesmo o título de apóstolo (1°Coríntios 9.2), por considerar-se embaixador de Cristo. Esse título de Paulo foi contestado em Corinto. Sobre o espírito com que os apóstolos devem servir, veja João 13.14-16. Não é função de domínio nem de prestígio pessoal, mas de serviço.

Profetas (profetes) - Aquele que anuncia em voz alta, porta voz, o que fala em nome de alguém que lhe é superior. No NT, "aquele que, movido pelo Espírito de Deus como seu porta voz, declara solenemente aos homens o que dele recebeu por inspiração, especialmente sobre eventos futuros e proclama o Reino de Deus para a salvação do ser humano" (Thayer, citação livre). Este título é aplicado aos profetas do Antigo Testamento, a João Batista, ao Messias (Atos 3.22,23). Surgiram alguns cristãos na Igreja primitiva com revelações especiais (Atos 15.30). É considerado um dom espiritual (1° Coríntios 14.29), não um título formal. Designa a percepção sobrenatural em relação aos propósitos de Deus para a Igreja e para o mundo. Foi um dom espiritual de grande valia quando a Igreja ainda não possuía as Escrituras do Novo Testamento. Não confundir profetas com adivinhos ou prognosticadores, totalmente vedados nas Escrituras. O profeta verdadeiro encarna a vontade de Deus e proclama os juízos de Deus. O falso profeta encarna sua própria vontade e proclama sua própria palavra. O Espírito Santo, ainda uma vez, faz a diferença.

Evangelistas (evangelistes - Efésios 4.11) - Portador das boas novas, aquele que anuncia as boas de salvação. "designa os proclamadores das boas novas que não eram apóstolos" (Thayer). Veja Atos 21.8; Efésios 4.11; 2° Timóteo 4.5 (Paulo exorta Timóteo a fazer a obra de um evangelista). Veja em Atos 8.4 que todos exceto os apóstolos, (que não foram dispersos, v.1), foram por toda a parte, anunciando a palavra. Todos eram evangelistas.

Pastor (poimenas) - Não designa posição hierárquica ou institucional, mas a virtude do líder para apascentar o rebanho de Jesus (1° Pedro 5.2,3). É um dom do Espírito (Efésios 4.11). Há pastores verdadeiros e pastores falsos. O verdadeiro dá a vida pelas ovelhas. O falso, mercenário, que não está emocionalmente  ligado às ovelhas, "vê vir o lobo e deixa as ovelhas; e o lobo as arrebata e dispersa" (João 10.11,12). Jesus deu a Pedro, apóstolo, pescador de profissão, a incumbência de apascentar os seus cordeiros, como resultado do seu amor ao Senhor (João 21.17). Qualquer outra motivação que não seja o amor a Jesus, resultará em fracasso no pastoreio das ovelhas de Jesus. Ninguém pode amar as ovelhas sem amar a Jesus "mais do que estes" e ninguém que ame a Jesus pode deixar de amar as ovelhas de Jesus. O cuidado pastoral abrange: a) Zelo para com a vida de cada ovelha do rebanho individualmente (Lucas 5.4); b) interesse e carinho em nutrir as ovelhas do rebanho (Salmo 23.2); c) proteção do rebanho, em face dos predadores (Amós 3.12); d) fortalecimento das ovelhas para poderem resistir aos predadores na ausência do pastor (Atos 20.29-31); e) responsabilidade, consciência de que terá que prestar contas das ovelhas a Deus (Hebreus 13.17).

Mestre (didaskalos) - Também traduzido por "doutores" (Efésios 4.11) e "instruidores" (1° Timóteo 2.7). Paulo, apóstolo, é "doutor" dos gentios. Ele não sente que seja sua obrigação, apenas proclamar o evangelho, mas levar os salvos a viverem o evangelho. Veja em Gálatas 4.19, que o grande e desafiador alvo do mestre cristão é formar o caráter de Cristo nos discípulos, não apenas transmitir conhecimentos sobre Cristo. O ensino do mestre cristão só é válido mediante a unção do Espírito. Faça uma boa leitura de 1° João 2.27, onde se vêm em contraste, o ensino ungido da verdade e o ensino do erro (pseudos). Cuidado: o pseudo-discipulado pode estar encastelado dentro da Igreja. A unção da verdade capacita o mestre a permanecer em Cristo "para que quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos confundidos por ele na sua vinda" (v. 28). Assim podemos resumir as funções dos mestres no NT: a) tornar claro o ensino de Jesus; b) traçar a linha divisória entre a verdade e a mentira para que os discípulos de Jesus não sejam enganados pelos falsos mestres; c) levar os discípulos a observarem, no seu modo de viver, os ensinos de Jesus (Mateus 28.20); d) preparar a Igreja para o encontro com Cristo na sua vinda.

Supervisor (episkopos) - Bispo, superintendente, aquele que tem uma visão global da obra, o que faz a inspeção da obra. De epi (sobre, superior, por cima de) e skopeo, "observar de longe, desde cima, pôr a vista em, ter por fim, ter cuidado, velar, examinar" (Isidro Pereira). Não designa posição de mando, mas de serviço específico e responsabilidade. Thayer traduz: "alguém incumbido do dever de observar o que está sendo feito por outros". Abrange: a) conhecimento dos objetivos parciais, para que seja alcançado um objetivo global; b) conhecimento das tarefas e das pessoas que as executarão; c) capacidade para atribuir tarefas e acompanhá-las, substituir métodos e pessoas na hora própria. Em 1° Timóteo 3 são mencionadas as funções de bispos e diáconos distintamente, o que dá a entender que havia apenas duas categorias de obreiros nas Igrejas: diáconos e pastores, estes também chamados anciãos, mestres, bispos, evangelistas, conforme a função em foco. A.H. Newman, historiador, no seu Manual de História da Igreja, Vol. 2, página 134, cita nomes dos mais aceitos na erudição bíblica em favor da tese de que na Igreja primitiva havia apenas duas categorias de oficiais: bispos ou presbíteros (também chamados pastores), e diáconos.

Anciãos (presbyteros) - Refere-se à dignidade, ao respeito devido, à sabedoria  prudência nas palavras, decisões e atitudes, que o pastor deve demonstrar, não importa a sua idade. É mais um termo grego vestindo um conceito hebraico. Tecnicamente, a palavra define apenas a idade. Espiritualmente, o conceito tem raízes na cultura hebraica, cuja sociedade patriarcal buscava nos "anciãos" conselhos de sabedoria e prudência. Não se trata de uma instituição eclesiástica. Todos os líderes devem cultivar a virtude da prudência e moderação. Em Lucas 14.32, presbeian é uma embaixada de paz. Veja em Lucas 22.66 que os anciãos formavam o sinédrio, que outras traduções chamam de concílio. 1° Timóteo 4.14 não fala de um presbitério institucional, mas de uma reunião de obreiros idôneos para imporem as mãos sobre a cabeça de Timóteo, como ato de reconhecimento público da sua capacitação espiritual para o ministério e não como um ato mágico de transmissão de virtude.

Ministro (diakonos) - O uso secular desta palavra equivale a "criado, servente" (Isidro Pereira). "Alguém que executa as ordens de outrem, especialmente de um mestre; servo, ministro, atendente." (Thayer) Refere-se ao servo a serviço do rei. Em Mateus 22.13, os diáconos são os servos do rei que recebem a ordem de amarrar o intruso da festa e atirá-lo nas trevas exteriores. Em Mateus 20.26, Almeida Revisada traduz por "serviçal". BLH traduz "o que é mandado." Outras versões trazem "o que serve". Em Colossenses 1.25 Paulo se considera "ministro segundo a dispensação de Deus", literalmente, "diácono conforme a mordomia de Deus." Em Romanos 13.4, a autoridade secular é designada como "ministro de Deus". Em Atos 6.2,3, o diaconato é formalmente instituído para "servir às mesas." (dos pobres). Posteriormente, as igrejas passaram a escolher diáconos para gerir os vários aspectos da beneficiência e da sua administração secular.

Extraído da revista: "Capacitação cristã", "Série Aperfeiçoando". Edição n° 3 - Eclesiologia - A doutrina da igreja.